sexta-feira, 7 de junho de 2013


Se Camões fosse vivo, escreveria assim os "Canalhíadas":
 
I
  
   
As sarnas de barões todos inchados
 Eleitos pela plebe lusitana
 Que agora se encontram instalados
 Fazendo o que lhes dá na real gana
 Nos seus poleiros bem engalanados,
 Mais do que permite a decência humana,
 Olvidam-se do quanto proclamaram
 Em campanhas com que nos enganaram!

 II

 E também as jogadas habilidosas
 Daqueles tais que foram dilatando
 Contas bancárias ignominiosas,
 Do Minho ao Algarve tudo devastando,
 Guardam para si as coisas valiosas
 Desprezam quem de fome vai chorando!
 Gritando levarei, se tiver arte,
 Esta falta de vergonha a toda a parte!

 III

 Falem da crise grega todo o ano!
 E das aflições que à Europa deram;
 Calem-se aqueles que por engano
 Votaram no refugo que elegeram!
 Que a mim mete-me nojo o peito ufano
 De crápulas que só enriqueceram
 Com a prática de trafulhice tanta
 Que andarem à solta só me espanta.

 IV

 E vós, ninfas do Coura onde eu nado
 Por quem sempre senti carinho ardente
 Não me deixeis agora abandonado
 E concedei engenho à minha mente,
 De modo a que possa, convosco ao lado,
 Desmascarar de forma eloquente
 Aqueles que já têm no seu gene
 A besta horrível do poder perene!


 Luíz Vais Sem Tostões

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