sexta-feira, 30 de agosto de 2013

O Feijões e o Zé Maria e a bela e doce Missy

O que o Feijões sofre nas mãos (nos dentes) do Zé Maria


em nenhum lado se dorme tão bem como na cama da nossa dona



um raro momento de calmia

definitivamente, a cama é do Zé Maria (a dona que encolha as pernas)


Quem? Gordo, eu?
 Sossegadinhos, são mesmo uns amores


momento de pausa entre lutas e correrias

olá... que virá por aí?



COMIDA!!!!!!!!!!!

não consigo ver onde está a cabeça e o rabo, mas as unhas estão lindas




a Missy com 6 meses



a Missy, uma senhora já com 10 anos

A VOZ

A voz

Todos nós, maluquinhos, já teremos chegado - pelo menos uma vez na vida - àquele momento em que pensamos: "Talvez eu pudesse não ter visto este jogo ao vivo, em vez de...". Isto coloca-se, porque para nós, fanáticos, o clube está automaticamente à frente. Há um aniversário de um amigo, mas é um derby, portanto ele faz anos para o ano (já os derbies são só duas vezes por ano) e de certeza que ele vai compreender. Aliás, se não compreender é porque não nos conhece e não é mesmo nosso amigo.

O problema é que este tipo de decisão se torna mesmo automático e, com o passar dos anos, e já com muitos Benfica-Gil Vicente vistos - o suficiente para conseguir, apenas e só pelo momento do Benfica, praticamente adivinhar o que se vai passar em campo-, uma pessoa mantém o automatismo de preferir o clube, mas questiona-se mais vezes e mais facilmente.

Começo a escrever-vos assim porque eu no domingo obriguei a minha família a almoçar mais cedo, sacrifiquei uma tarde com a minha irmã, mãe, cunhado, irmão e sobrinha mais nova (que podia ser passada numa praia algarvia, é importante sublinhar) porque tinha que vir mais cedo para Lisboa. Porque estava de urgência? Porque tinha trabalhos para fazer? Porque vinha ver outros familiares ou amigos? Não, porque jogava o Benfica. Pior, esta decisão foi rapidamente apoiada pela C., não por minha causa, mas porque a seguir jogava o clube dela (aquele de riscas, que devia acabar).

Assim, em pleno Estádio da Luz, perto dos 85 minutos, com a iminente segunda derrota consecutiva a chegar e um nihilismo suicida a tomar conta de mim, uma voz - tímida, mas nítida - ousou dizer no meu cérebro: "Talvez tivesse sido melhor ter ficado em Faro", enquanto a minha cabeça batia devagar e repetidamente na cadeira da frente. Era uma voz que, apesar de clara pela primeira vez, era minha conhecida. 

Foi ela que eu já ouvi, vezes sem conta, mas muito ao fundo e com muito ruído à volta (BENFICA! BENFICA! BENFICA!) quando disse já mais vezes do que consigo contar à minha mãe que não ia visitá-la e à família porque "este fim-de-semana jogamos sábado e é importante" (como se alguma vez não fosse). Foi essa voz que eu ouvi quando acordava às cinco da manhã para estudar só para não ter problemas de consciência em ir à bola com uma oral no dia a seguir. Era essa voz que me devia ter impedido de dizer ao meu pai: "Então tu marcas o jantar dos teus 50 anos para um sábado em que o Benfica joga?", passando por cima do facto de toda a família e amigos terem viajado nesse dia só para jantar connosco. Era essa voz que me devia recordar que a 16 de Março de 2005 tive uma noite épica de copos com irmãos, primos e amigos e não que foi a noite em que ganhámos 0-2 ao Setúbal, golos do Simão e Manuel Fernandes, vitória fundamental para o título.

A maior discussão que tive assim, dentro de mim, foi quando a C. foi operada. O Benfica recebia o Zenit, nos oitavos-de-final da Champions, depois de ter perdido 3-2 fora. A C. ia ser operada - cúmulo das provocações! - no Hospital da Luz. Ora, segundo a hora da operação - do interesse do próprio cirurgião e anestesista, que acabaram por ir à Luz (grandes!)-, tudo estava cronometrado ao segundo para eu ver a C. sair do bloco, perguntar se tudo tinha corrido bem, telefonar a toda a gente e correr para o meu lugar (comprei bilhete e tudo), ver o Benfica e depois voltar para ver finalmente a C. sem estar zonza da anestesia. 

Tudo isto estava a correr bem, até que eu, pela primeira vez, vacilei e não consegui deixá-la. Confesso que tenho algum orgulho nisto - foi a primeira vez que a humanidade ganhou ao hooligan - mas também admito que não foi uma vitória limpa, porque vi o jogo ao lado dela, mas um bocado lixado por ela nem sequer estar acordada e a dizer: "TU ÉS O MELHOR NAMORADO DO MUNDO" a cada dois segundos, que era o que eu merecia (a única vez que ela acordou foi para perguntar: "Quanto está o Zenit?" Nem Benfica disse, porra).

Ora, no domingo, a depressão invadia-me a um nível tal que cheguei a achar possível que a razão - era dela, a voz - pudesse finalmente tomar conta de mim. Seria um passo para a vida adulta, para os comportamentos socialmente aceites. Finalmente saberia dizer, sem ter de ir ao google, que países fazem fronteira com a Alemanha, em vez de saber todos os estádios onde foram disputadas as finais da Liga dos Campeões de 2013 para 1984 de cor. Mas, felizmente, o Benfica salvou-me. Markovic e Lima impediram-me, aos 29 anos, de escolher o lado da normalidade. E, de braços abertos, berrando loucamente nem sei o quê, festejei mais uma tarde que não passei com as pessoas que eu mais adoro no mundo.

Este texto é para essas pessoas. As que adoro tanto, tanto, tanto, tanto, tanto, que, um dia, vou gostar tanto delas como do Benfica.

in Lá Em Casa Mando Eu

domingo, 18 de agosto de 2013

Cenas do meu desassossego

sem comentários

ai Zé Maria, voltas para o tubo e escape. voltas!

tão calminho que 'isto' era, diz a Missy

dona, não me devolvas ao tubo de escape... ó p'ra mim tão sossegadinho

como se dorme bem em cima do Feijões...

mas onde se dorme mesmo bem é na cama da dona!


domingo, 11 de agosto de 2013

MARIA OU ZÉ MARIA, that's the question

a dúvida persiste, as opiniões divergem
mas o desassossego instalou-se

que raio de coisa está ela a comer?


ela 'tá a educar-me mesmo bem, tá

vamos lá então chatear o Feijões

adoro morder as patas do gordo

caraças, pá,  tu acalma-te, Feijões, olha que eu sou pequenina ou pequenino, sei lá... também já era hora de eles se decidirem

e é hora de sermos amiguinhos, 'bora lá fazer uma boa soneca

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

A VERDADEIRA IDENTIDADE DE JEITOSINHA ..... FIM

Capítulo XXIX – Final
- O que Bruno lhe disse de tão importante aquela noite? - Perguntou Jeitosinha, ansiosa, ao travesti Kátia Trovoada.
- Bom, menina... Ele chegou aqui todo sem gracinha. Estava bem bêbado, mas nem por isso perdeu a timidez...
- Sim... E então? - A loira mal controlava suas emoções.
- Então eu perguntei como ele queria, e coisa e tal... Ele disse-me que era a sua primeira vez num lugar como esse, e provavelmente a última...
- O que mais?
- Bem, ele disse que não estava à vontade, mas que precisava de se colocar a teste... Por amor. Na ocasião não entendi nada, pensei que era coisa de bêbado, mas agora entendo...
Os olhos de Jeitosinha brilharam:
- Sim! Como não pensei nisso antes? Ele queria saber se conseguiria se adaptar ao meu estranho jeito de amá-lo!
- Ah, Santa... Carinha de quem estava se adaptando e bem, ele fez... - emendou Kátia, com um gesto afectado.
- Vou procurá-lo agora mesmo!
Enquanto Jeitosinha corria para os braços de seu amado, Bruno dava um ponto final em sua relação com Adenaíra. Foi uma longa conversa, que terminou num clima cordial.
- Não me leve a mal... Pensei que pudesse esquecer Jeitosinha, mas... É impossível. De alguma maneira, sinto que quando estou com ela tudo parece se encaixar...
- Se eu tivesse sabido antes não teria quebrado o pino do meu Lego... - lamentou Adenaíra - De qualquer forma, devo-lhe a minha vida. Sou grata pelos dias que passámos juntos e pelos seus cuidados. Espero que um dia você e Jeitosinha possam voltar a se entender...
- Não creio ser possível...
- Que segredo você guarda sobre ela? Existe algo mais, além da particularidade anatómica?
- Não me force a dizer. Só lhe adianto que sua irmã não é quem parece ser...
Neste momento a porta da sala se abre, de forma dramática.
- Sim, Bruno... Sim, meu amor! Sou sua Jeitosinha! Jamais fui tocada por outro homem que não você!
É claro que àquela altura do campeonato, falar sobre Laura Croft era perfeitamente dispensável. Aliás, ela era uma mulher...
- Não pode ser ... Eu vi você naquele local deplorável!
- Eu vinha sendo chantageada por Arlindo... Mas não cheguei a entrar em acção! É uma longa história, meu amor...
Bruno começou a despir-se de sua casca de rancor.
- Eu... eu também só fui lá naquele dia porque...
- Eu já sei... Esqueça, Bruno... Não diga nada... Apenas me beije!
Cabisbaixa, Adenaíra deixou o apartamento de Bruno e vagueou oa caso pelas ruas escuras da cidade.
Jeitosinha e seu homem amaram-se loucamente, como estavam predestinados a fazê-lo, por muitos e muitos anos.

Não muito longe dali, uma nave espacial alienígena pousava no matagal.
- Porque voltamos, chefe? - Perguntou uma das criaturas verdes.
- Veja com seus próprios olhos! Comprámos gato por lebre! O ET entregou ao colega um exemplar de uma popular revista de mulher nua.
- Ué... Aquela moça que trouxemos à nave tinha um detalhe a mais...
- Claro! Era um homem disfarçado!
- Como o senhor descobriu?
- Bem, já tínhamos até saído desta galáxia quando resolvi folhear umas revistas que levei de recordação deste planetinha atrasado. Foi aí que me deparei com estas fotos de mulheres nuas e percebi tudo: as fêmeas daqui são, aparentemente, exactamente como as nossas! Tudo indica que estão prontas para reproduzir nossos filhos!
- Que beleza, chefe! O que faremos?
- O óbvio: apanharemos uma outra mulher, certificar-nos-emos de que ela não tem nenhum complemento indesejável e voltaremos às nossas experiências!
- Então aproveita, chefe... - disse um dos homens verdes, olhando pela escotilha - Vem uma gatona ali!
E foi assim que Adenaíra acabou nas mãos dos extraterrestres, mas, por mais que os cientistas do outro mundo se esforçassem, continuariam sem entender o mecanismo de reprodução dos humanos.

Adenaíra nunca mais foi vista. E como Jeitosinha preferiu guardar segredo sobre sua experiência com os Ets, o planeta Terra nunca soube que duas irmãs, numa surpreendente manobra do destino, acabaram salvando a humanidade.

Hoje, quem vê na missa dominical Jeitosinha e Bruno, com suas lindas crianças adoptadas, nem imagina que por trás daquela aparente normalidade repousa um segredo e uma história surpreendente.
E se você acha que os homenzinhos verdes são a parte mais absurda desta saga, é porque não viu Jeitosinha e Bruno em seus momentos de intimidade...

FIM……
Capítulo XXIX – Final
- O que Bruno lhe disse de tão importante aquela noite? - Perguntou Jeitosinha, ansiosa, ao travesti Kátia Trovoada.
- Bom, menina... Ele chegou aqui todo sem gracinha. Estava bem bêbado, mas nem por isso perdeu a timidez...
- Sim... E então? - A loira mal controlava suas emoções.
- Então eu perguntei como ele queria, e coisa e tal... Ele disse-me que era a sua primeira vez num lugar como esse, e provavelmente a última...
- O que mais?
- Bem, ele disse que não estava à vontade, mas que precisava de se colocar a teste... Por amor. Na ocasião não entendi nada, pensei que era coisa de bêbado, mas agora entendo...
Os olhos de Jeitosinha brilharam:
- Sim! Como não pensei nisso antes? Ele queria saber se conseguiria se adaptar ao meu estranho jeito de amá-lo!
- Ah, Santa... Carinha de quem estava se adaptando e bem, ele fez... - emendou Kátia, com um gesto afectado.
- Vou procurá-lo agora mesmo!
Enquanto Jeitosinha corria para os braços de seu amado, Bruno dava um ponto final em sua relação com Adenaíra. Foi uma longa conversa, que terminou num clima cordial.
- Não me leve a mal... Pensei que pudesse esquecer Jeitosinha, mas... É impossível. De alguma maneira, sinto que quando estou com ela tudo parece se encaixar...
- Se eu tivesse sabido antes não teria quebrado o pino do meu Lego... - lamentou Adenaíra - De qualquer forma, devo-lhe a minha vida. Sou grata pelos dias que passámos juntos e pelos seus cuidados. Espero que um dia você e Jeitosinha possam voltar a se entender...
- Não creio ser possível...
- Que segredo você guarda sobre ela? Existe algo mais, além da particularidade anatómica?
- Não me force a dizer. Só lhe adianto que sua irmã não é quem parece ser...
Neste momento a porta da sala se abre, de forma dramática.
- Sim, Bruno... Sim, meu amor! Sou sua Jeitosinha! Jamais fui tocada por outro homem que não você!
É claro que àquela altura do campeonato, falar sobre Laura Croft era perfeitamente dispensável. Aliás, ela era uma mulher...
- Não pode ser ... Eu vi você naquele local deplorável!
- Eu vinha sendo chantageada por Arlindo... Mas não cheguei a entrar em acção! É uma longa história, meu amor...
Bruno começou a despir-se de sua casca de rancor.
- Eu... eu também só fui lá naquele dia porque...
- Eu já sei... Esqueça, Bruno... Não diga nada... Apenas me beije!
Cabisbaixa, Adenaíra deixou o apartamento de Bruno e vagueou oa caso pelas ruas escuras da cidade.
Jeitosinha e seu homem amaram-se loucamente, como estavam predestinados a fazê-lo, por muitos e muitos anos.

Não muito longe dali, uma nave espacial alienígena pousava no matagal.
- Porque voltamos, chefe? - Perguntou uma das criaturas verdes.
- Veja com seus próprios olhos! Comprámos gato por lebre! O ET entregou ao colega um exemplar de uma popular revista de mulher nua.
- Ué... Aquela moça que trouxemos à nave tinha um detalhe a mais...
- Claro! Era um homem disfarçado!
- Como o senhor descobriu?
- Bem, já tínhamos até saído desta galáxia quando resolvi folhear umas revistas que levei de recordação deste planetinha atrasado. Foi aí que me deparei com estas fotos de mulheres nuas e percebi tudo: as fêmeas daqui são, aparentemente, exactamente como as nossas! Tudo indica que estão prontas para reproduzir nossos filhos!
- Que beleza, chefe! O que faremos?
- O óbvio: apanharemos uma outra mulher, certificar-nos-emos de que ela não tem nenhum complemento indesejável e voltaremos às nossas experiências!
- Então aproveita, chefe... - disse um dos homens verdes, olhando pela escotilha - Vem uma gatona ali!
E foi assim que Adenaíra acabou nas mãos dos extraterrestres, mas, por mais que os cientistas do outro mundo se esforçassem, continuariam sem entender o mecanismo de reprodução dos humanos.

Adenaíra nunca mais foi vista. E como Jeitosinha preferiu guardar segredo sobre sua experiência com os Ets, o planeta Terra nunca soube que duas irmãs, numa surpreendente manobra do destino, acabaram salvando a humanidade.

Hoje, quem vê na missa dominical Jeitosinha e Bruno, com suas lindas crianças adoptadas, nem imagina que por trás daquela aparente normalidade repousa um segredo e uma história surpreendente.
E se você acha que os homenzinhos verdes são a parte mais absurda desta saga, é porque não viu Jeitosinha e Bruno em seus momentos de intimidade...

FIM……

quarta-feira, 7 de agosto de 2013


A VERDADEIRA IDENTIDADE DE JEITOSINHA cap XXVIII

Capítulo XXVIII – A descoberta (penúltimo episódio)
Alguns dias se passaram desde a morte de Ambrósio. Adenaíra recuperava da infecção hospitalar. Bruno a levara para sua casa e a convivência era amigável. A agora moça se esforçava para transformar aquele apartamento de solteiro num lar, e o rapaz gostava de sua companhia. Mas não conseguia esquecer Jeitosinha e ainda sentia um, digamos, "vazio por dentro", se é que me faço entender...

Como era de se esperar, os exames periciais confirmaram que se tratava da letra de Ambrósio no bilhete. Provaram também que as digitais eram mesmo de Arlindo.
Impotente diante da armadilha armada pela irmã, e face às péssimas condições da prisão, o rapaz simplesmente enlouqueceu.
Na casa de Jeitosinha todos se esforçavam para retomar as rotinas de suas vidas. Adenaíra escrevera, contando da operação e de como estava feliz em sua nova condição. Omitira, porém, que era hóspede de Bruno.
No bordel de Madame Mary, Jeitosinha buscava superar a perda de seu amado nos braços de Laura Croft. O treino da loira continuava. Na penumbra de seu escritório, a cafetina continuava instruindo Jeitosinha sobre os mistérios do amor e do sexo, mas ainda eram apenas aulas teóricas, o que já estava deixando nossa heroína impaciente.
- Às vezes sinto que a senhora, deliberadamente, está adiando minha estreia profissional - questionou um dia Jeitosinha.
Pela primeira vez, a sempre segura Madame Mary pareceu incomodada.
- Que bobagem, querida... Já lhe disse, tenho uma imagem a zelar... Tudo virá a seu tempo. Jeitosinha desabafava cada vez mais com a patroa. Chegou a confessar o atentado com a serra-eléctrica, o plano que incriminou Arlindo e o desejo de se vingar da mãe.
Madame Mary tudo ouvia, sem emitir qualquer opinião. Naquela tarde, contudo, encontrou Jeitosinha mais fragilizada do que de costume.
- O que houve, criança? - Perguntou a cafetina.
- Não sei o que está havendo comigo, Madame Mary... - Disse a loira, com a voz embargada - Talvez seja a falta de Bruno, ou o remorso por ter tirado a vida de meu pai... Mas o facto é que estou fraquejando. Começo a achar que talvez mamãe não seja assim tão culpada pelo meu destino. Talvez seja a maior das vítimas, preservando um segredo por tantos anos apenas para poupar todos da ira de Ambrósio.
- O que você quer dizer com isso? - perguntou Madame Mary.
- Quero dizer que estou cansada de ódio e sofrimento. Vou buscar minha felicidade. E começarei procurando mamãe e dizendo que a perdoo...
- Não creio que você precise procurá-la... - disse Madame Mary, num tom de voz bastante familiar.
A mulher aproximou-se do fraco abajour que iluminava o escritório. Com lágrimas banhando o rosto, retirou sua máscara...
- Mamãe? É você! Não pode ser!
- Claro que sou eu, querida... Você acha que com o salário de contínuo do seu pai conseguiríamos criar sete filhos e ainda comprar p'ra você a colecção completa da Barbie?
- Então é por isso que o meu treino não terminava mais! Você não queria prostituir a própria filha!
- Sim... Este foi apenas um dos muitos sacrifícios que fiz por você. Fui eu quem jogoui fora os restos mortais de Ambrósio e limpei a bagunça da sala... O telefonema e o bilhete falando da pescaria também foram invenções minhas.
- Então... Papai realmente havia morrido? - espantou-se.
- Sim! Só não me pergunte como ele voltou à vida. Talvez tenha sido um milagre dos céus para poupá-la, Jeitosinha. Você já tinha sofrido demais, e aquele plano da serra-eléctrica era simplesmente ridículo... Você deixou suas digitais espalhadas pela casa inteira! O segundo crime foi muito mais requintado, e ainda puniu o chantagista do Arlindo!
Jeitosinha abraçou a mãe, emocionada (Imagine uma música melosa, executada por um naipe de violinos...).
Finalmente, quase tudo parecia se encaixar. Era um novo tempo de recomeço.
De repente Jeitosinha percebeu que o bordel nunca fora seu lugar. O que de facto a atraía era o magnetismo de Madame Mary, que não era ninguém menos que Marilena. Não fosse a saudade que sentia de Bruno, tudo estaria perfeito em sua vida. No final daquela tarde, Jeitosinha se despediu das colegas de bordel.
- Vou tirar um tempo para mim. Preciso repensar minha vida... Talvez volte a esta casa como auxiliar de mamãe, não sei... O importante é que fiz muitos amigos aqui...
Laura Croft chorava copiosamente.
- Está tudo acabado entre nós?
- Sim, Laura... Não adianta. Bruno é o meu único amor. Preciso esquecê-lo antes de poder recomeçar com outra pessoa...
Laura pareceu entender. Tanto que deu a Jeitosinha um conselho bem prático:
- Se você o ama tanto, porque não tenta uma reaproximação? Tudo bem, ele pensa que você é uma de nós, mas você, em contrapartida, flagrou-o nos braços da Kátia Trovoada...
Kátia, o traveco moreno que possuiu Bruno, espantou-se:
- Aquele era o seu bofe? Ih, menina... Você está sofrendo a toa...
- Como assim? - surpreendeu-se Jeitosinha.
E Kátia começou a narrar o diálogo que ela e Bruno tiveram antes do acto de amor... .

Finalmente está acabando! Não perca o último capítulo... amanhã !
Capítulo XXVIII – A descoberta   (penúltimo episódio)
Alguns dias se passaram desde a morte de Ambrósio. Adenaíra  recuperava da infecção hospitalar. Bruno a levara para sua casa e a convivência era amigável. A agora moça se esforçava para transformar aquele apartamento de solteiro num lar, e o rapaz gostava de sua companhia. Mas não conseguia esquecer Jeitosinha e ainda sentia um, digamos, "vazio por dentro", se é que  me faço  entender...


Como era de se esperar, os exames periciais confirmaram que se tratava da letra de Ambrósio no bilhete. Provaram também que as digitais eram mesmo de Arlindo.
Impotente diante da armadilha armada pela irmã, e face às péssimas condições da prisão, o rapaz simplesmente enlouqueceu.
Na casa de Jeitosinha todos se esforçavam para retomar as rotinas de suas vidas. Adenaíra escrevera, contando da operação e de como estava feliz em sua nova condição. Omitira, porém, que era hóspede de Bruno.
No bordel de Madame Mary, Jeitosinha buscava superar a perda de seu amado nos braços de Laura Croft. O treino da loira continuava. Na penumbra de seu escritório, a cafetina continuava instruindo Jeitosinha sobre os mistérios do amor e do sexo, mas ainda eram apenas aulas teóricas, o que já estava deixando nossa heroína impaciente.
- Às vezes sinto que a senhora, deliberadamente, está adiando minha estreia profissional - questionou um dia Jeitosinha.
Pela primeira vez, a sempre segura Madame Mary pareceu incomodada.
- Que bobagem, querida... Já lhe disse, tenho uma imagem a zelar... Tudo virá a seu tempo. Jeitosinha desabafava cada vez mais com a patroa. Chegou a confessar o atentado com a serra-eléctrica, o plano que incriminou Arlindo e o desejo de se vingar da mãe.
Madame Mary  tudo ouvia, sem emitir qualquer opinião. Naquela tarde, contudo, encontrou Jeitosinha mais fragilizada do que de costume.
- O que houve, criança? - Perguntou a cafetina.
- Não sei o que está havendo comigo, Madame Mary... - Disse a loira, com a voz embargada - Talvez seja a falta de Bruno, ou o remorso por ter tirado a vida de meu pai... Mas o facto é que estou fraquejando. Começo a achar que talvez mamãe não seja assim tão culpada pelo meu destino. Talvez seja a maior das vítimas, preservando um segredo por tantos anos apenas para poupar  todos da ira de Ambrósio.
- O que você quer dizer com isso? - perguntou Madame Mary.
- Quero dizer que estou cansada de ódio e sofrimento. Vou buscar minha felicidade. E começarei procurando mamãe e dizendo que a perdoo...
- Não creio que você precise procurá-la... - disse Madame Mary, num tom de voz bastante familiar.
A mulher aproximou-se do fraco abajour que iluminava o escritório. Com lágrimas banhando o rosto, retirou sua máscara...
- Mamãe? É você! Não pode ser!
- Claro que sou eu, querida... Você acha que com o salário de contínuo do seu pai conseguiríamos criar sete filhos e ainda comprar p'ra você a colecção completa da Barbie?
- Então é por isso que o meu treino não terminava mais! Você não queria prostituir a própria filha!
- Sim... Este foi apenas um dos muitos sacrifícios que fiz por você. Fui eu quem jogoui fora os restos mortais de Ambrósio e limpei a bagunça da sala... O telefonema e o bilhete falando da pescaria também foram invenções minhas.
- Então... Papai realmente havia morrido? - espantou-se.
- Sim! Só não me pergunte como ele voltou à vida. Talvez tenha sido um milagre dos céus para poupá-la, Jeitosinha. Você já tinha sofrido demais, e aquele plano da serra-eléctrica era simplesmente ridículo... Você deixou suas digitais espalhadas pela casa inteira! O segundo crime foi muito mais requintado, e ainda puniu o chantagista do Arlindo!
Jeitosinha abraçou a mãe, emocionada (Imagine uma música melosa, executada por um naipe de violinos...).
Finalmente, quase tudo parecia se encaixar. Era um novo tempo de recomeço.
De repente Jeitosinha percebeu que o bordel nunca fora seu lugar. O que de facto a atraía era o magnetismo de Madame Mary, que não era ninguém menos que Marilena. Não fosse a saudade que sentia de Bruno, tudo estaria perfeito em sua vida. No final daquela tarde, Jeitosinha se despediu das colegas de bordel.
- Vou tirar um tempo para mim. Preciso repensar minha vida... Talvez volte a esta casa como auxiliar de mamãe, não sei... O importante é que fiz muitos amigos aqui...
Laura Croft chorava copiosamente.
- Está tudo acabado entre nós?
- Sim, Laura... Não adianta. Bruno é o meu único amor. Preciso esquecê-lo antes de poder recomeçar com outra pessoa...
Laura pareceu entender. Tanto que deu a Jeitosinha um conselho bem prático:
- Se você o ama tanto, porque não tenta uma reaproximação? Tudo bem, ele pensa que você é uma de nós, mas você, em contrapartida, flagrou-o nos braços da Kátia Trovoada...
Kátia, o traveco moreno que possuiu Bruno, espantou-se:
- Aquele era o seu bofe? Ih, menina... Você está sofrendo a toa...
- Como assim? - surpreendeu-se Jeitosinha.
E Kátia começou a narrar o diálogo que ela e Bruno tiveram antes do acto de amor... .

Finalmente está acabando! Não perca o último capítulo... amanhã !Capítulo XXVIII – A descoberta   (penúltimo episódio)
Alguns dias se passaram desde a morte de Ambrósio. Adenaíra  recuperava da infecção hospitalar. Bruno a levara para sua casa e a convivência era amigável. A agora moça se esforçava para transformar aquele apartamento de solteiro num lar, e o rapaz gostava de sua companhia. Mas não conseguia esquecer Jeitosinha e ainda sentia um, digamos, "vazio por dentro", se é que  me faço  entender...


Como era de se esperar, os exames periciais confirmaram que se tratava da letra de Ambrósio no bilhete. Provaram também que as digitais eram mesmo de Arlindo.
Impotente diante da armadilha armada pela irmã, e face às péssimas condições da prisão, o rapaz simplesmente enlouqueceu.
Na casa de Jeitosinha todos se esforçavam para retomar as rotinas de suas vidas. Adenaíra escrevera, contando da operação e de como estava feliz em sua nova condição. Omitira, porém, que era hóspede de Bruno.
No bordel de Madame Mary, Jeitosinha buscava superar a perda de seu amado nos braços de Laura Croft. O treino da loira continuava. Na penumbra de seu escritório, a cafetina continuava instruindo Jeitosinha sobre os mistérios do amor e do sexo, mas ainda eram apenas aulas teóricas, o que já estava deixando nossa heroína impaciente.
- Às vezes sinto que a senhora, deliberadamente, está adiando minha estreia profissional - questionou um dia Jeitosinha.
Pela primeira vez, a sempre segura Madame Mary pareceu incomodada.
- Que bobagem, querida... Já lhe disse, tenho uma imagem a zelar... Tudo virá a seu tempo. Jeitosinha desabafava cada vez mais com a patroa. Chegou a confessar o atentado com a serra-eléctrica, o plano que incriminou Arlindo e o desejo de se vingar da mãe.
Madame Mary  tudo ouvia, sem emitir qualquer opinião. Naquela tarde, contudo, encontrou Jeitosinha mais fragilizada do que de costume.
- O que houve, criança? - Perguntou a cafetina.
- Não sei o que está havendo comigo, Madame Mary... - Disse a loira, com a voz embargada - Talvez seja a falta de Bruno, ou o remorso por ter tirado a vida de meu pai... Mas o facto é que estou fraquejando. Começo a achar que talvez mamãe não seja assim tão culpada pelo meu destino. Talvez seja a maior das vítimas, preservando um segredo por tantos anos apenas para poupar  todos da ira de Ambrósio.
- O que você quer dizer com isso? - perguntou Madame Mary.
- Quero dizer que estou cansada de ódio e sofrimento. Vou buscar minha felicidade. E começarei procurando mamãe e dizendo que a perdoo...
- Não creio que você precise procurá-la... - disse Madame Mary, num tom de voz bastante familiar.
A mulher aproximou-se do fraco abajour que iluminava o escritório. Com lágrimas banhando o rosto, retirou sua máscara...
- Mamãe? É você! Não pode ser!
- Claro que sou eu, querida... Você acha que com o salário de contínuo do seu pai conseguiríamos criar sete filhos e ainda comprar p'ra você a colecção completa da Barbie?
- Então é por isso que o meu treino não terminava mais! Você não queria prostituir a própria filha!
- Sim... Este foi apenas um dos muitos sacrifícios que fiz por você. Fui eu quem jogoui fora os restos mortais de Ambrósio e limpei a bagunça da sala... O telefonema e o bilhete falando da pescaria também foram invenções minhas.
- Então... Papai realmente havia morrido? - espantou-se.
- Sim! Só não me pergunte como ele voltou à vida. Talvez tenha sido um milagre dos céus para poupá-la, Jeitosinha. Você já tinha sofrido demais, e aquele plano da serra-eléctrica era simplesmente ridículo... Você deixou suas digitais espalhadas pela casa inteira! O segundo crime foi muito mais requintado, e ainda puniu o chantagista do Arlindo!
Jeitosinha abraçou a mãe, emocionada (Imagine uma música melosa, executada por um naipe de violinos...).
Finalmente, quase tudo parecia se encaixar. Era um novo tempo de recomeço.
De repente Jeitosinha percebeu que o bordel nunca fora seu lugar. O que de facto a atraía era o magnetismo de Madame Mary, que não era ninguém menos que Marilena. Não fosse a saudade que sentia de Bruno, tudo estaria perfeito em sua vida. No final daquela tarde, Jeitosinha se despediu das colegas de bordel.
- Vou tirar um tempo para mim. Preciso repensar minha vida... Talvez volte a esta casa como auxiliar de mamãe, não sei... O importante é que fiz muitos amigos aqui...
Laura Croft chorava copiosamente.
- Está tudo acabado entre nós?
- Sim, Laura... Não adianta. Bruno é o meu único amor. Preciso esquecê-lo antes de poder recomeçar com outra pessoa...
Laura pareceu entender. Tanto que deu a Jeitosinha um conselho bem prático:
- Se você o ama tanto, porque não tenta uma reaproximação? Tudo bem, ele pensa que você é uma de nós, mas você, em contrapartida, flagrou-o nos braços da Kátia Trovoada...
Kátia, o traveco moreno que possuiu Bruno, espantou-se:
- Aquele era o seu bofe? Ih, menina... Você está sofrendo a toa...
- Como assim? - surpreendeu-se Jeitosinha.
E Kátia começou a narrar o diálogo que ela e Bruno tiveram antes do acto de amor... .

Finalmente está acabando! Não perca o último capítulo... amanhã !

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Novas do Zé Maria

desaparecendo debaixo do Feijões, que 'apenas' pesa 7kg


o 'banhito' antes de dormir


uma verdadeira negrura


o fascínio do computador.. e como o meu trabalho, quando não salvo,  vai à vida


e uma pen que não vai durar muito...

 

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

A VERDADEIRA IDENTIDADE DE JEITOSINHA cap. XXVII

Capítulo XXVII - Quem afinal morreu?
- Eu não matei papai!
Arlindo gritava com a convicção dos inocentes, mas a detective Vanessa estava impassível.
- Você vai explicar isso ao tribunal. Temos evidências mais do que suficientes para prendê-lo.
- Quais? Quais são as evidências? - perguntou, inconformado
- Seu pai acordou morto, e tudo indica que foi envenenado. Sua mãe percebeu logo no começo da manhã e nos chamou. Enquanto você dormia, procurámos pistas pela casa e encontrámos no fundo da sua gaveta das cuecas o frasco de um poderoso raticida...
- Não pode ser! - interrompeu o encrencado Arlindo - Alguém colocou isso lá para me incriminar!Vanessa sorriu, com sua frieza habitual.
- Não adianta, Arlindo... É melhor confessar. Você não contava com isso, mas seu pai, prevendo o seu trágico destino, escreveu uma carta...
A moça fez um sinal com os dedos e um dos assistentes entregou-lhe o pedaço de papel. Vanessa prosseguiu.
- Estava no bolso do pijama de Ambrósio. Veja o que diz: "Se alguém encontrar esta carta, provavelmente já estarei morto. O facto é que recobrei minha memória. Arlindo, meu filho mais velho, foi o responsável pela primeira tentativa de assassinato. Ainda não sei o que farei, mas como ele pode tentar de novo, deixo registada esta denúncia. Arlindo nunca me perdoou por uma grande surra que lhe dei em sua adolescência, e nunca me perdoou por gostar mais de Jeitosinha. Percebendo que eu finalmente começava a me lembrar de tudo, passou a ameaçar-me. Tenho medo de procurar a Polícia. Aliás, como me tornei-me um monstro, não faz tanta diferença estar vivo ou morto. Tudo o que desejo é que, caso dê cabo de minha vida, o cruel Arlindo seja punido"... Ambrósio assina a carta. É claro que ainda faremos um exame grafotécnico...
- Não pode ser! Este bilhete é forjado! Você verá! - disse o primogénito de Ambrósio e Marilena.
-Há ainda uma terceira pista. - completou Vanessa - Existe este copo, encontrado ao lado da cama do seu pai, com resíduos do mesmo veneno encontrado em seu quarto, dissolvido em suco de groselha. Nele, há digitais de duas pessoas diferentes.
"Sim!", pensou Arlindo. "Agora eu entendo! Foi Jeitosinha! Ela me serviu whisky, ontem, neste mesmo copo. Como ela usava luvas, só as marcas de meus dedos estão no vidro!".
Em pânico, e tremendo de ódio, Arlindo apontou para a irmã:
- Foi ela! Ela é uma farsa! Um travesti maníaco e assassino! A senhora ouviu, detective, o próprio papai dizia isso!
- Seu pai estava muito abalado. Este tipo de confusão é comum... Mesmo sem querer, Jeitosinha era o pivô dos desentendimentos. Talvez por isso ele a tenha visto em seu delírio. Agora... Que história é essa de travesti?
Vanessa dirigiu a pergunta a Marilena.
- Arlindo está tentando confundi-la, detective. - A mãe não perdeu a chance de socorrer a filha naquele momento dramático.
- Quer comprovar? - Disse Jeitosinha, contando com a negativa de Vanessa.
- Não é preciso, querida. Sei bem como são os homens. Estão sempre tentando encontrar algum defeito nas mulheres bonitas.
Vanessa dirigiu-se aos assistentes e ordenou:
- Levem-no. Vamos esperar o exame da letra no bilhete e das marcas no copo.Você vai aguardar na cadeia o resultado, Arlindo. E caso se comprovem as evidências, não sairá de lá tão cedo...
Debatendo-se e gritando, o cruel Arlindo foi empurrado para o carro prisão.Os policiais deixaram a casa, e Marilena finalmente demonstrou sua dor num choro convulsivo. Na verdade sentia-se aliviada pelo fim de Ambrósio, mas não se conformava com o facto de que um de seus filhos tivesse assassinado o homem.
- Jeitosinha... porque Arlindo tentou incriminá-la?
- Você sabe que ele me odeia, mamãe.
Jeitosinha estava calma e segura. Beijou suavemente o rosto de Marilena e foi para o quarto, já pensando no próximo acto de seu circo de horrores.

que irá acontecer? sim, que mais irá acontecer? e estamos apenas a 2-dois-2 episódios do fim
Capítulo XXVII - Quem afinal morreu?
- Eu não matei papai!
Arlindo gritava com a convicção dos inocentes, mas a detective Vanessa estava impassível.
- Você vai explicar isso ao tribunal. Temos evidências mais do que suficientes para prendê-lo.
- Quais? Quais são as evidências? - perguntou, inconformado 
- Seu pai acordou morto, e tudo indica que foi envenenado. Sua mãe percebeu logo no começo da manhã e nos chamou. Enquanto você dormia, procurámos pistas pela casa e encontrámos no fundo da sua gaveta das cuecas o frasco de um poderoso raticida...
- Não pode ser! - interrompeu o encrencado Arlindo - Alguém colocou isso lá para me incriminar!Vanessa sorriu, com sua frieza habitual.
- Não adianta, Arlindo... É melhor confessar. Você não contava com isso, mas seu pai, prevendo o seu trágico destino, escreveu uma carta...
A moça fez um sinal com os dedos e um dos assistentes entregou-lhe o pedaço de papel. Vanessa prosseguiu.
- Estava no bolso do pijama de Ambrósio. Veja o que diz: "Se alguém encontrar esta carta, provavelmente já estarei morto. O facto é que recobrei minha memória. Arlindo, meu filho mais velho, foi o responsável pela primeira tentativa de assassinato. Ainda não sei o que farei, mas como ele pode tentar de novo, deixo registada esta denúncia. Arlindo nunca me perdoou por uma grande surra que lhe dei em sua adolescência, e nunca me perdoou por gostar mais de Jeitosinha. Percebendo que eu finalmente começava a me lembrar de tudo, passou a ameaçar-me. Tenho medo de procurar a Polícia. Aliás, como me tornei-me um monstro, não faz tanta diferença estar vivo ou morto. Tudo o que desejo é que, caso dê cabo de minha vida, o cruel Arlindo seja punido"... Ambrósio assina a carta. É claro que ainda faremos um exame grafotécnico...
- Não pode ser! Este bilhete é forjado! Você verá! - disse o primogénito de Ambrósio e Marilena.
-Há ainda uma terceira pista. - completou Vanessa - Existe este copo, encontrado ao lado da cama do seu pai, com resíduos do mesmo veneno encontrado em seu quarto, dissolvido em suco de groselha. Nele, há digitais de duas pessoas diferentes.
"Sim!", pensou Arlindo. "Agora eu entendo! Foi Jeitosinha! Ela me serviu whisky, ontem, neste mesmo copo. Como ela usava luvas, só as marcas de meus dedos estão no vidro!".
Em pânico, e tremendo de ódio, Arlindo apontou para a irmã:
- Foi ela! Ela é uma farsa! Um travesti maníaco e assassino! A senhora ouviu, detective, o próprio papai dizia isso!
- Seu pai estava muito abalado. Este tipo de confusão é comum... Mesmo sem querer, Jeitosinha era o pivô dos desentendimentos. Talvez por isso ele a tenha visto em seu delírio. Agora... Que história é essa de travesti?
Vanessa dirigiu a pergunta a Marilena.
- Arlindo está tentando confundi-la, detective. - A mãe não perdeu a chance de socorrer a filha naquele momento dramático.
- Quer comprovar? - Disse Jeitosinha, contando com a negativa de Vanessa.
- Não é preciso, querida. Sei bem como são os homens. Estão sempre tentando encontrar algum defeito nas mulheres bonitas.
Vanessa dirigiu-se aos assistentes e ordenou:
- Levem-no. Vamos esperar o exame da letra no bilhete e das marcas no copo.Você vai aguardar na cadeia o resultado, Arlindo. E caso se comprovem as evidências, não sairá de lá tão cedo...
Debatendo-se e gritando, o cruel Arlindo foi empurrado para o carro prisão.Os policiais deixaram a casa, e Marilena finalmente demonstrou sua dor num choro convulsivo. Na verdade sentia-se aliviada pelo fim de Ambrósio, mas não se conformava com o facto de que um de seus filhos tivesse assassinado o homem.
- Jeitosinha... porque Arlindo tentou incriminá-la?
- Você sabe que ele me odeia, mamãe.
Jeitosinha estava calma e segura. Beijou suavemente o rosto de Marilena e foi para o quarto, já pensando no próximo acto de seu circo de horrores.

que irá acontecer? sim, que mais irá acontecer? e estamos apenas a 2-dois-2 episódios do fim


sábado, 3 de agosto de 2013

A VERDDEIRA IDENTIDADE DE JEITOSINHA cap XXVI

Capítulo XXVI - Lágrimas no hospital (antepenúltimo episódio)

Jeitosinha entregou ao pai uma caneta e um pedaço de papel.
- Assine esta folha em branco...
- M-mas... Filha... Você sabe que eu não tenho nenhuma posse...
- Apenas assine!
Meio vacilante, Ambrósio escreveu seu nome no papel.
- Pronto. Estou livre agora?
- Sim... - disse a moça, sorrindo sarcasticamente - Tenha bons sonhos...
Jeitosinha foi para seu quarto e esperou pacientemente que todos voltassem para casa. A mãe, que sempre se envolvia nas actividades da Igreja, voltou de uma novena. Os irmãos foram chegando, um a um, se amontoando em volta da TV, como sempre faziam.
Normalmente Arlindo, mais arredio, preferia ficar lendo em algum canto da casa, até que todos se recolhessem. Era a hora em que finalmente tinha a sala só para ele, e ficava zapeando os canais de TV. No silêncio da madrugada, Jeitosinha aproximou-se de Arlindo, vestida como uma Diva do cinema. O longo vestido negro, que exibia seus ombros e expunha parte dos seios... a abertura lateral, por onde se podia ver furtivamente a longa extensão de sua perna esquerda... O par de luvas cobrindo os braços até além do cotovelo... Tudo remetia a inesquecível Gilda de Rita Hayworth.
Arlindo surpreendeu-se com a maturidade da beleza da irmã, que trazia num copo uma dose de whisky on the rocks.
- Sabe, irmão, às vezes a felicidade chega até nós por caminhos estranhos...
- O que você quer dizer? - espantou-se.
- Quero dizer que encontrei meu verdadeiro eu no bordel de Madame Mary. E devo isso a você.
Jeitosinha sorveu um gole generoso de whisky e ofereceu o copo ao irmão.
- Beba comigo. Vamos selar com esta dose de whisky a paz entre nós.
Arlindo pegou o copo com desconfiança. Mas a irmã acabara de provar da bebida, descartando a possibilidade de que ela estivesse envenenada.
Nervoso, ele bebeu todo o líquido do copo, devolvendo-o à loira. Jeitosinha pegou numa pedra de gelo e passou provocadoramente no pescoço e nos seios. Depois, debruçou-se sobre Arlindo, acariciou sua coxa direita e, tocando os lábios em seu ouvido esquerdo murmurou:
- Amanhã, irmão querido, todos nós começaremos uma vida nova...
A loira disse esta frase enigmática e retirou-se. O cruel Arlindo chegou a pensar que sua irmã estava tão desequilibrada quanto o pai. Mas logo voltou a entreter-se com um filme barato de TV, antes de mergulhar num sono profundo.
No hospital público, Adenaíra abria os olhos:
- B-bruno... Pensei que tinha sido um sonho.
- Estou aqui. Estou-te esperando... - A frase brotou sem nenhuma convicção.
- M-me esperando? - Perguntou a nova irmã de Jeitosinha.
- Sim. Você precisa lutar. Precisa superar esta doença. Vou estar ao seu lado.
- Oh, Bruno! Você vai dar-me uma chance?
- O tempo dirá. Por enquanto, prometo-lhe apenas minha atenção e minha amizade.
- Você não sabe como este simples fio de esperança me deixa feliz! - Disse a moça, já com uma certa luz no rosto pálido pela febre.
Na manhã seguinte, Arlindo acordou no mesmo sofá onde bebera com Jeitosinha. Mas estava cercado por policiais e algemado. No comando da operação, a detective Vanessa dirigiu-se a ele, mostrando no semblante a realização pelo dever cumprido.
- Você está preso.
- M-mas... Eu não fiz nada! - Espantou-se o rapaz - Qual a acusação?
- Assassinato!
- Nãããão! - O grito de Arlindo ecoou pela sala. . .
Quem morreu? Você tem até quarta feira para juntar as peças e entender o plano de Jeitosinha! Não perca o próximo capítulo.


e ao terceiro dia nasceu o amor entre o Feijões e a Maria..

simultaneamente, acabou-se o nosso sossego...