terça-feira, 23 de julho de 2013

A VERDADEIRA IDENTIDADE DE JEITOSINHA cap XXIII

Capítulo XXIII - A reacção de Ambrósio
Por trinta segundos, que pareceram uma eternidade, Jeitosinha e Ambrósio se encararam fixamente. Ela estava a aprender, no bordel de Madame Mary, tudo sobre a arte da dissimulação, por isso conseguiu camuflar o medo, a surpresa e a confusão mental que lhe causava a imagem, ali na sua frente, do homem que assassinara. A expressão de Ambrósio era inocente, quase infantil. O fio de baba intermitente continuava a banhar-lhe o queixo. Com a sua voz pastosa, após o constrangedor silêncio, ele perguntou:
- Quem é você?
Jeitosinha suspirou aliviada. Continuava sem entender o que acontecera. As marcas de cortes no rosto e braços de Ambrósio indicavam que ela realmente o havia ferido, mas talvez não tivesse consumado o crime, pensou. Talvez tenha sofrido alguma espécie de alucinação durante o ataque com a serra eléctrica.
Talvez Ambrósio tenha conseguido sair da casa, se arrastando. Mesmo assim, quem limpara o chão e os móveis?
Nada disso era tão importante quanto o facto de que o pai, talvez pelo choque de ter sido vítima da própria filha, não conseguia reconhecê-la. "Deve ser algum tipo de defesa emocional", concluiu.
Muito mais desconfortável com a situação estava Arlindo. Seu plano de explorar a irmã se esvaziara, em parte, com a reacção do pai ao vê-la. Se Ambrósio não reconhecia Jeitosinha, e tinha perdido sua índole opressora, o que a irmã teria a temer?
De facto, a moça não tinha mais nada a perder. Depois da decepção com seu amado Bruno, e todas as emoções que tomaram sua vida de assalto, o futuro configurava-se diferente. Ela trocou olhares com Arlindo. Sorriu, superiora, e ele entendeu o recado. Jeitosinha estava livre de sua influência maligna mas, curiosamente, não pensava em abandonar o bordel de Madame Mary.
A misteriosa mulher - que ela mal vira e que não poderia reconhecer sob a máscara que usava - de alguma maneira fez com que recuperasse a sua auto-estima. Na casa de 'convívios' aceitavam-na como ela era. E agora havia ainda Laura Croft, a linda ruiva que tinha despertado estranhas emoções em Jeitosinha. Ela vinha, aliás, fazendo um esforço sobre-humano para esquecer Bruno e tentava apegar-se à emoção daquela tarde de prazer, como se residisse ali a sua salvação.
Se Jeitosinha agora via o bordel como uma benção, isso não significava que ela perdoava Arlindo. Pelo contrário, planeara para o irmão uma terrível vingança...
Quanto aos pais, o próprio destino havia-se encarregado da punição. Ambrósio era agora um ser desprezível, débil e deformado. E sua mãe, que, presa às suas convenções sociais, jamais encararia a separação, estava condenada a aturar aquele ser repugnante pelo resto da sua vida.
Jeitosinha estava imersa neste tipo de reflexão quando alguém bateu à porta. Arlindo foi atender e deparou-se com uma morena exuberante, de mais ou menos trinta anos. Ela tinha cabelos negros e lisos, à altura dos ombros. Os olhos de um azul cristalino contrastavam com a pele clara. Mostrando um distintivo ela se apresentou:
- Sou a detective Vanessa Sofia, da Polícia Judiciárial. Vim investigar o desaparecimento de Ambrósio.
Todos na casa, inclusive o próprio Ambrósio, trocaram olhares surpresos.
Do outro lado da cidade, o angustiado Bruno toma sua decisão. Virando a arma em direcção à própria cabeça, ele finalmente aperta o gatilho.

Ele morreu? Ele morreu? Descubra (se calhar só depois do Portas ser vice) em mais um capítulo inédito e surpreendente!
Capítulo XXIII - A reacção de Ambrósio
Por trinta segundos, que pareceram uma eternidade, Jeitosinha e Ambrósio se encararam fixamente. Ela estava a aprender,  no bordel de Madame Mary, tudo sobre a arte da dissimulação, por isso conseguiu camuflar o medo, a surpresa e a confusão mental que lhe causava a imagem, ali na sua frente, do homem que assassinara. A expressão de Ambrósio era inocente, quase infantil. O fio de baba intermitente continuava a banhar-lhe o queixo. Com a sua voz pastosa, após o constrangedor silêncio, ele perguntou:
- Quem é você?
Jeitosinha suspirou aliviada. Continuava sem entender o que acontecera. As marcas de cortes no rosto e braços de Ambrósio indicavam que ela realmente o havia ferido, mas talvez não tivesse consumado o crime, pensou. Talvez tenha sofrido alguma espécie de alucinação durante o ataque com a serra eléctrica.
Talvez Ambrósio tenha conseguido sair da casa, se arrastando. Mesmo assim, quem limpara o chão e os móveis?
Nada disso era tão importante quanto o facto de que o pai, talvez pelo choque de ter sido vítima da própria filha, não conseguia reconhecê-la. "Deve ser algum tipo de defesa emocional", concluiu.
Muito mais desconfortável com a situação estava Arlindo. Seu plano de explorar a irmã se esvaziara, em parte, com a reacção do pai ao vê-la. Se Ambrósio não reconhecia Jeitosinha, e tinha perdido sua índole opressora, o que a irmã teria a temer?
De facto, a moça não tinha mais nada a perder. Depois da decepção com seu amado Bruno, e todas as emoções que tomaram sua vida de assalto, o futuro  configurava-se diferente. Ela trocou olhares com Arlindo. Sorriu, superiora, e ele entendeu o recado. Jeitosinha estava livre de sua influência maligna mas, curiosamente, não pensava em abandonar o bordel de Madame Mary.
A misteriosa mulher - que ela mal vira e que não poderia reconhecer sob a máscara que usava - de alguma maneira fez com que recuperasse a sua auto-estima. Na casa de 'convívios'  aceitavam-na como ela era. E agora havia ainda Laura Croft, a linda ruiva que tinha despertado estranhas emoções em Jeitosinha. Ela vinha, aliás, fazendo um esforço sobre-humano para esquecer Bruno e tentava  apegar-se à emoção daquela tarde de prazer, como se residisse ali a sua salvação.
Se Jeitosinha agora via o bordel como uma benção, isso não significava que ela perdoava Arlindo. Pelo contrário,  planeara para o irmão uma terrível vingança...
Quanto aos pais, o próprio destino havia-se encarregado da punição. Ambrósio era agora um ser desprezível, débil e deformado. E sua mãe, que, presa às suas convenções sociais, jamais encararia a separação, estava condenada a aturar aquele ser repugnante pelo resto da sua vida.
Jeitosinha estava imersa neste tipo de reflexão quando alguém bateu à porta. Arlindo foi atender e deparou-se com uma morena exuberante, de mais ou menos trinta anos. Ela tinha cabelos negros e lisos, à altura dos ombros. Os olhos de um azul cristalino contrastavam com a pele clara. Mostrando um distintivo ela se apresentou:
- Sou a detective Vanessa Sofia, da Polícia Judiciárial. Vim investigar o desaparecimento de Ambrósio.
Todos na casa, inclusive o próprio Ambrósio, trocaram olhares surpresos.
Do outro lado da cidade, o angustiado Bruno toma sua decisão. Virando a arma em direcção à própria cabeça, ele finalmente aperta o gatilho.

Ele morreu? Ele morreu? Descubra (se calhar só na sexta-feira) em mais um capítulo inédito e surpreendente!

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