sábado, 3 de agosto de 2013

A VERDDEIRA IDENTIDADE DE JEITOSINHA cap XXVI

Capítulo XXVI - Lágrimas no hospital (antepenúltimo episódio)

Jeitosinha entregou ao pai uma caneta e um pedaço de papel.
- Assine esta folha em branco...
- M-mas... Filha... Você sabe que eu não tenho nenhuma posse...
- Apenas assine!
Meio vacilante, Ambrósio escreveu seu nome no papel.
- Pronto. Estou livre agora?
- Sim... - disse a moça, sorrindo sarcasticamente - Tenha bons sonhos...
Jeitosinha foi para seu quarto e esperou pacientemente que todos voltassem para casa. A mãe, que sempre se envolvia nas actividades da Igreja, voltou de uma novena. Os irmãos foram chegando, um a um, se amontoando em volta da TV, como sempre faziam.
Normalmente Arlindo, mais arredio, preferia ficar lendo em algum canto da casa, até que todos se recolhessem. Era a hora em que finalmente tinha a sala só para ele, e ficava zapeando os canais de TV. No silêncio da madrugada, Jeitosinha aproximou-se de Arlindo, vestida como uma Diva do cinema. O longo vestido negro, que exibia seus ombros e expunha parte dos seios... a abertura lateral, por onde se podia ver furtivamente a longa extensão de sua perna esquerda... O par de luvas cobrindo os braços até além do cotovelo... Tudo remetia a inesquecível Gilda de Rita Hayworth.
Arlindo surpreendeu-se com a maturidade da beleza da irmã, que trazia num copo uma dose de whisky on the rocks.
- Sabe, irmão, às vezes a felicidade chega até nós por caminhos estranhos...
- O que você quer dizer? - espantou-se.
- Quero dizer que encontrei meu verdadeiro eu no bordel de Madame Mary. E devo isso a você.
Jeitosinha sorveu um gole generoso de whisky e ofereceu o copo ao irmão.
- Beba comigo. Vamos selar com esta dose de whisky a paz entre nós.
Arlindo pegou o copo com desconfiança. Mas a irmã acabara de provar da bebida, descartando a possibilidade de que ela estivesse envenenada.
Nervoso, ele bebeu todo o líquido do copo, devolvendo-o à loira. Jeitosinha pegou numa pedra de gelo e passou provocadoramente no pescoço e nos seios. Depois, debruçou-se sobre Arlindo, acariciou sua coxa direita e, tocando os lábios em seu ouvido esquerdo murmurou:
- Amanhã, irmão querido, todos nós começaremos uma vida nova...
A loira disse esta frase enigmática e retirou-se. O cruel Arlindo chegou a pensar que sua irmã estava tão desequilibrada quanto o pai. Mas logo voltou a entreter-se com um filme barato de TV, antes de mergulhar num sono profundo.
No hospital público, Adenaíra abria os olhos:
- B-bruno... Pensei que tinha sido um sonho.
- Estou aqui. Estou-te esperando... - A frase brotou sem nenhuma convicção.
- M-me esperando? - Perguntou a nova irmã de Jeitosinha.
- Sim. Você precisa lutar. Precisa superar esta doença. Vou estar ao seu lado.
- Oh, Bruno! Você vai dar-me uma chance?
- O tempo dirá. Por enquanto, prometo-lhe apenas minha atenção e minha amizade.
- Você não sabe como este simples fio de esperança me deixa feliz! - Disse a moça, já com uma certa luz no rosto pálido pela febre.
Na manhã seguinte, Arlindo acordou no mesmo sofá onde bebera com Jeitosinha. Mas estava cercado por policiais e algemado. No comando da operação, a detective Vanessa dirigiu-se a ele, mostrando no semblante a realização pelo dever cumprido.
- Você está preso.
- M-mas... Eu não fiz nada! - Espantou-se o rapaz - Qual a acusação?
- Assassinato!
- Nãããão! - O grito de Arlindo ecoou pela sala. . .
Quem morreu? Você tem até quarta feira para juntar as peças e entender o plano de Jeitosinha! Não perca o próximo capítulo.


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